quinta-feira, 16 de junho de 2011

Estudo -- O Contrato


Mt 26, 27

E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos.

A celebração da ceia por Jesus foi muito mais do que uma refeição e uma ordenança que aquela ato se repetisse. Jesus celebra naquele momento um contrato, uma aliança com os seu discípulos e principalmente, com sua igreja.
Hoje os contratos são formais, tem modelos, aspectos próprios, características que cercam o mundo jurídico, mas antigamente uma das formas de contrato usada era quando duas pessoas bebiam na mesma taça, no mesmo copo, o mesmo líquido e isso fazia entre as partes um contrato. A simbologia ali representada era o toque da boca. Era o firmar de uma palavra que deveria ser cumprida. Na celebração do cálice isso ocorreu.
Pois bem, o que dizia, ou melhor, o que era esse contrato? Jesus deixa claro que Ele morreria, daria a sua vida para que nós tivéssemos direito a vida eterna. O pacote da salvação vem incluso uma série de benefícios que dizem respeito a economia de Deus, mas o foco central é ir morar nas mansões celestiais.
O grande problema do evangelho hoje, bem como era o mesmo dos discípulos aquela época é que o homem já chega ao Senhor com seu contrato pronto. Já tem seus pedidos, já tem suas vontades e principalmente suas expectativas formadas. A materialização da fé fez com que o objeto central deste contrato de Deus com os homens que é a salvação, se deturpe, ficando somente em curas, enriquecimento, etc, fatores estes secundários. Há um problema ainda maior nesta ação. No mundo jurídico, celebrado um contrato entre as partes, o credor não precisa receber prestação diversa daquela que foi estipulada. Jesus é o credor, Ele detém a benção, a vida. Tudo que temos devemos a Ele. Ao invés de dar o pagamento devido (oração, leitura a Palavra, Jejuns, louvores, enfim, o coração a Deus), alguns preferem substituir o objeto da prestação. Querem que Deus aceite valores materiais como única prova de fidelidade. Querem trocar algumas peças e cláusulas já bem definidas, como por exemplo a igreja e o pastor, agora trocados pela comodidade da televisão. Querem usar o Espírito Santo para dar espetáculos.
Há um grande risco de dar ou mesmo de se manter no coração a possibilidade de dar uma prestação diversa do contrato original. Alguns textos bíblicos vão embasar essa situação com os discípulos. Podemos ver que quando o Senhor foi crucificado, a Palavra nos mostra dois bons exemplos que são os discípulos no caminho de Emaús (Lc 24, 13 e seguintes) e os discípulos que voltaram a pescar (Jo 21, 01 e seguintes). Em comum, todos tiveram uma experiência com o Senhor mas naquele momento tinham desobedecido a orientação e estavam voltando de onde vieram, voltando para as velhas práticas das quais já estavam libertos. Por que eles voltaram? Por que estavam tristes? Havia em Israel, uma grande expectativa que o Messias seria um Rei aguerrido, que viria em um cavalo branco, levantaria a espada e libertaria os judeus do domínio do Império Romano. Vemos durante os evangelhos este desejo expresso nas ações dos discípulos. Quando viram Jesus pregado na cruz, após toda humilhação passada, em que pese Jesus ter avisado sobre isso, (Mt 17, 22-23) morreu nos discípulos toda a expectativa de um Israel político liberto. Assim é o homem hoje, muitos abandonam a fé por não serem atendidos naquilo que eram a vontade do seu coração e voltam para Emaús (mundo).
Mas Jesus cumpre sua parte. Vai a cruz. Dá a sua vida por amor a nós. Interessante a última frase dita pelo Senhor: “Está tudo consumado”. Era como se dissesse, que todo o projeto do Pai, do início da humanidade até a sua redenção estava ali cumprido, o contrato estava feito. Não estava assinado por uma caneta, sujeito a deterioração do tempo, sujeito as inadimplências do homem, mas estava assinado com sangue precioso, sangue inocente. A prestação que cabia a Deus, outorgada em seu filho Jesus estava cumprida exatamente como no projeto inicial.
Deus deu ao homem SINAIS evidentes da celebração de um novo contrato. Diz a Palavra que houve trevas sobre a face da Terra, um terremoto e que alguns que haviam morrido ressuscitaram (Mt 27, 32 e segts). Os ritos pascais foram alterados. Não havia luz para fazê-los. Alguns tinham que reconstruir suas casas, danificadas pelo terremoto, outras estavam a comemorar a vida daqueles que tinham morrido. Na páscoa do Egito após as trevas ocorreu a morte dos primogênitos. Em Jesus, após a morte do primogênito de Deus, houve a ressurreição. Jesus trouxe vida. Mas houve um sinal ainda mais marcante. O véu do templo se rasgou do alto a baixo. O véu do templo não era uma fina cortina. Era linho retorcido, da grossura de um punho. Rasgou-se de cima a baixo para mostrar que a provisão era do alto e não do homem. (Mc 15,38) O véu era o símbolo do velho contrato, separava o santo dos santíssimo. Separava o lugar do homem do lugar de Deus. O rasgar do véu era o dizer de Deus claramente que estava destituído, totalmente sem validade o velho contrato e estava formado agora um novo contrato, a nova aliança, agora não mais na lei, mas na graça, no favor imerecido de Deus para com o homem.
O contrato não foi feito somente com aqueles doze homens, mas Jesus vai dizer que aquele ato deveria ser repetido. Este ato é para a igreja fiel, é a aliança do Senhor com a noiva amada. Traz consigo o derramar do Espírito Santo, é Ele que vai ajudar o homem a cumprir sua parte no contrato. Temos agora o sacerdócio universal do crente, temos acesso direto ao Senhor, a salvação, a vida eterna.
Ah, caso você queira reclamar alguma coisa no contrato, procure um bom advogado.
I Jo 02, 01b “Temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.”

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